A pequenina Cafayate, é um sonho para quem gosta de vinhos. Concentra vinhedos maravilhosos em uma curta distancia, por vezes percorrida a pé. Conhecemos sete vinícolas imperdíveis, que compõem a Rota do Vinho de Cafayate, na qual indicamos em um roteiro de 2 dias.

Na cidade de Cafayate há vinícolas que podem ser percorridas a partir da Praça Guemes, central da cidade. Não confundir com Calafate na Patagônia Argentina. A proximidade do nome não indicaria maior distância de microclima, enquanto Cafayate é desértica e alta, Calafate é gelada e ao nível do mar.
E é o sol, areia e pedras que compõe um terroir único, capaz de fazer os torrontés mais elegantes.

A Bodega Nanni, El trânsito, El Porvenir estão a uma curta caminhada.
Indico uma rota do vinho em Cafayate pela localização das vinícolas que visitamos, listando as que mais gostamos, tanto pelos vinhos, como pelas atrações, beleza e atendimento.

Rota do Vinho de Cafayate – Centro
Bodega Nanni
Não fizemos a visita e degustação da Bodega Nanni, que custa 150 pesos porque só tinha um vinho reserva e não era um Malbec ou Torrotés, mas Tannat.
A decepção foi superada ao provar um Malbec reserva da bodega Nanni, excelente, em um restaurante de Salta. A vinícola tem uma boa distribuição de vinhos na região, encontramos seus rótulos tanto em Salta como em Cafayate, em restaurantes e lojas de vinho, que em nas duas cidades estão aos montes.

É uma vinícola muito pequena, de produção totalmente orgânica e ficamos espantados com a qualidade do seu Malbec reserva. Pena que a visita não correspondeu.
Bodega El Transito
Também tivemos uma má experiência na vinícola El Transito, mas por motivos mais tristes, não gostamos de nenhum dos vinhos da degustação. A degustação custa apenas 50 pesos por pessoa, quatro vinhos: um torrontés, um rosado com corte de Malbec, um reserva tinto Tannat e um blend com Malbec, Tannat e Cabernet Sauvignon.

Mas muito próxima a El Trânsito, ainda no centro de Cafayate, está a El Porvenir, que nos fez acreditar de novo nos vinhos de Cafayate.
Bodega El Porvenir
Que delícia foi conhecer a El Porvenir. O atendimento foi o melhor que tivemos em Cafayate. Fomos apresentados aos vinhos por uma conhecedora e amante da enologia. Podíamos perceber o brilho nos olhos ao falar de cada nuance relacionada ao sabor e ao cheiro e correlacionar com as escolhas feitas para a colheita e plantação.

Há dois tipos de degustação, a completa com 5 rótulos, dois brancos e três tintos por 500 pesos e a de 3 rótulos por 350 pesos.
A degustação é feita ao lado da produção e se cobra o mesmo valor pela visitação. Atenção porque a maioria das vinícolas fecham entre 12/13h a 15h, se chegar próximo ao horário não será atendido.

Ainda bem que demos a sorte de chegar a tempo para a última degustação do dia.
Provamos dois Torrontés espetaculares, o primeiro mais jovem e o segundo com dois vinhedos de alturas diferentes. Provamos também um Shiraz jovem muito agradável, um Tannat reserva surpreendente e um Bonarda da linha superior.

A linha gran reserva é representada pelo El Porvenir, que não é oferecido na degustação. Um blend com 60% Malbec, 30% Cabernet Sauvignon, 7% Tannat e 3% Petit Verdot, todas plantadas a uma altitude superior a 1.600mt e 18 a 22 meses em barricas de carvalho novas. Não provamos esse vinho, mas trouxemos para casa com grande expectativa.

O El Porvenir não está na degustação, mas esse detalhe não tira o brilho da prova. O Laborum Parcela cumpre bem seu papel de vinho reserva da vinícola.
Somente com a linha Torrontés são três tipos, o Torrontés colhido em vinhedos de 65 anos e com aspecto fresco característico de Cafayate. O Torrontés de Outono colhido quase dois meses após a vendimia e amadurecido em barricas de carvalho francês por 08 meses, o mais encorpado e amanteigado dos torronteses que provamos. E o Torrontés Oak Fermented que também fica 8 meses em barricas novas de carvalho francês.

O nome “parcela” vem de diferentes regiões do plantio. Assim, cada vinho resulta da mistura de duas ou mais parcelas de uma determinada plantação, com a mesma casta, mas com personalidades diferentes. Também são feitas colheitas em épocas diferentes da vendimia, dependendo da característica daquele local. Assim, temos um “blend” da mesma uva. Delicioso”
Rota do Vinho de Cafayate – fora do centro
San Pedro de Yacochuya
A primeira vinícola que visitamos foi a San Pedro de Yacochuya, a mais distante do centro de Cafayate. A chegada impressiona, com seus enormes cactos ladeando os vinhedos a bodega nos remete a um filme de ficção, enormes soldados com espinhos e coragem.

A visita não correspondeu à beleza exterior da vinícola, por não oferecer os vinhos reserva para degustação. Nos contentamos em levar para casa uma garrafa do Yacochuya, único exemplar de Cafayate presente no free shopping de Buenos Aires.

A vinícola San Pedro tem um nome de peso o enólogo francês Michel Rolland e um enólogo local, Arnaldo Etchart.
Bodega Domingo Molina
Conhecer a Domingo Molina se tornou um objetivo durante a viagem. Provamos o Malbec Reserva e o Torrotés da vinícola em alguns restaurantes de Jujuy e Salta, sempre muito bem recomendados, e adoramos.
Que alegria saber que é uma das vinícolas mais bonitas e com um dos melhores serviços da região.

A Domingo Molina oferece três tipos de degustação. A de vinhos mais simples, com 07 variedades, a de vinhos reserva com 04 variedades, inclusive um torrontés. Optamos por essa última, que venho acompanhada de um excelente queijo da região.

A degustação custou 300 pesos, mas como compramos vinhos, uma delas saiu de graça.
O local da degustação é um capítulo à parte. Em uma área externa, embaixo de um pergolado e em um terreno gramado, estão as mesas. Impossível ser mais agradável! Pela qualidade dos vinhos, o atendimento oferecido e esse delicioso momento, a Humberto Molina foi a minha vinícola preferida da Rota dos Vinhos de Cafayate.

Bodega Piatelli
A Piatelli é a vinícola que está em Cafayate, mas poderia estar em Mendoza. O seu tamanho, o profissionalismo na visitação e produção, e os vários milhões de dólares despejados para sua construção, deixam claro: ela não está para brincadeira.

Após conhecer a San Pedro de Yacochuya e a Domingos Molina, chegamos para o almoço na Piatelli. Pedi para a recepção do nosso hotel Grace Cafayate para fazer a reserva no dia anterior, o que recomendo, pois estava lotado.

O esposo gostou do almoço, mas como não tinha nenhuma opção vegetariana, fiquei nas saladas, que não foram as melhores. Além da quantidade ser pequena (especialmente se considerarmos o preço), não estava excepcional. Interessante que foi o único restaurante que não tinha opção vegetariana em toda Cafayate.

Antes da degustação há a visita pelo enorme complexo de produção. Já visitamos vinícolas na África do Sul, Mendoza, Chile e Carmelo no Uruguai. Embora existam diferenças consideráveis na produção, de acordo com o tamanho da vinícola, sua industrialização ou mesmo origem, no final fica um pouco repetitivo.

Como estava na época da vendímia, que em Cafayate vai do final de fevereiro a início de abril, foi divertido ver as uvas chegando e o transporte para os equipamentos. É o momento chave do ano e só por isso vale a pena ver de novo

A prova não decepcionou. Escolhemos a degustação tradicional com dois grand reservas, por 300 pesos cada.

Bodega de las Nubes
Os atendentes do hotel em que estávamos hospedados, o Grace Cafayate, nos indicaram almoçar no Finca de las Nubes. O almoço e o vinho não são excepcionais, mas a vista vale por tudo!

O vinho mais consagrado da Finca Las Nubes é o Malbec José Luiz Mounier Reserva. Vinho simpático que acompanhou bem o almoço. Mas comer em frente aos vinhedos, vendo os animais da vinícola e crianças a correr, eleva o passeio a outro patamar.

Não havia degustação no dia em que fomos e o cardápio era bem exíguo, mas ainda assim aproveitamos o dolce far niente e foi interessante sair um pouco da maratona de provar 5 vinhos em cada vinícola. Um susto no fígado e já estávamos prontos para outra.

Bodega El Esteco
Infelizmente não conhecemos a Bodega El Esteco, que estava fechada para visitação. Compensamos a perda conhecendo o excelente restaurante da vinícola, dentro da pousada igualmente linda, e provamos um bom Malbec.

E assim terminou nosso passeio na Rota de Vinhos de Cafayate, que ainda não está lotada de turistas, mas tem tudo para ficar em um futuro próximo.
Se quiser aproveitar a calma de uma cidade de interior, sugiro fazer logo as malas para conhecer o Norte. Até que muitos descubram o segredo que ouvimos todos os dias aqui em Cafayate:
Si es torrontés, es de Cafayate!

Quer conhecer mais sobre o Norte da Argentina? Temos vários posts legais sobre esse destino.
Procurando onde se hospedar em Cafayate? Nós ficamos no Grace Cafayate, um hotel excelente reservado pelo Booking e não nos arrependemos, veja os melhores hotéis aqui.
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